quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Diversidade cultural é ponto forte do Cirque du Soleil


por Cleide Quinália

O Cirque du Soleil é hoje o circo mais famoso do mundo. Seus espetáculos já foram apreciados por mais de 80 milhões de pessoas pelos quatro cantos do planeta e a cada nova apresentação outras milhares engrossam a fila de fãs que se encantam com a habilidade e a magia de seus artistas. Mas qual é o segredo que transformou em pouco mais de 20 anos de existência o Cirque du Soleil em uma companhia de tamanho sucesso? A resposta para essa pergunta foi dada por Linda Gosselin, vice-presidente de Recursos Humanos da empresa, durante o Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas – Conarh 2008.

Segundo ela, a companhia é o resultado do investimento e do desenvolvimento de cinco grandes competências: paixão, responsabilidade, comprometimento, criatividade e trabalho em equipe. A paixão, explica Linda, é o que motiva cada um a dar o melhor de si, superando limites e levando essa alegria e essa energia a todos que estão ao redor; a responsabilidade dá a visão do conjunto e a noção de que cada integrante do grupo também é responsável pelo colega; o comprometimento coloca todos em direção aos mesmos propósitos; criatividade é ser capaz de se perguntar em que posso ser diferente e melhor; e trabalho em equipe é conciliar culturas e opiniões em favor de um trabalho comum.

"O objetivo maior do Cirque du Soleil é trazer beleza, mexer com o imaginário e a emoção das pessoas, ou seja, é poder fazer a diferença, e isso tudo só se consegue quando se concilia esses valores", diz Linda.

A diversidade cultural é outro ponto marcante e que coexiste dentro dos valores da empresa. E nem poderia ser diferente, afinal, a companhia reúne um dos mais diversos grupos de artistas e profissionais de que se tem conhecimento. Ao todo, são 4 mil empregados - 1000 deles artistas, provenientes de 40 nações e falando 25 idiomas diferentes. "Além de ter de preservar nossa cultura, nossa capacidade de sermos criativos e nossos valores, procuramos assimilar também novas culturas e integrar os empregados de culturas diferentes na organização, e o respeito é o elemento-chave", diz Linda. "Para isso, temos de ser ágeis para oferecer serviços adaptados às diferentes realidades nas quais estamos inseridos."

A executiva ressalta que, diante desse cenário, o grande desafio é manter a coerência em meio a essa diversidade e é nesse ponto que entra a qualidade da liderança da empresa, ao promover e integrar as competências de cada um. "Muitos dos nossos líderes cresceram com a companhia, trabalharam nas bases, por isso conhecem e compartilham da visão, da missão e dos valores do Cirque; já os que chegam de fora incorporam a filosofia da companhia e logo passam a fazer parte de um todo". Linda conta que a combinação dos novos com os mais antigos estimula a criatividade e a busca por inovações.

Evolução

Criado em 1984 por um grupo de 50 artistas, o Cirque tem evoluído a cada ano. No início de 2000, os generalistas de RH apoiavam os gestores de forma descentralizada e sem um forte vínculo comum. Com o crescimento da empresa e a complexidade que lhe é inerente, o Cirque viu a necessidade de rever a forma como o RH atuava. Dessa forma, foi criada uma função de RH mais centralizada e forte que segue um modelo em que especialistas e generalistas atuam de maneira unificada, tendo no centro de suas preocupações as necessidades dos clientes.

Além desse novo modelo de gestão, o Cirque reformulou, ainda, o programa de avaliação das pessoas, com o intuito de preservar e reforçar os valores e os traços essenciais da cultura da empresa. "Procuramos mostrar que nossos espetáculos são resultados de uma obra coletiva e isso não apenas está alinhado com a questão do respeito à contribuição de cada um, como também favorece imensamente o espírito de equipe", conclui.

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